Em Cascavel, a propriedade rural da família Liberali abriga o cultivo da soja. São cento e oitenta e oito hectares cuidados pela estirpe há três gerações, mas que nunca tinha colhido tantos resultados positivos como nos últimos quatro anos.

“Trocamos o pulverizador, colheitadeira, trator plantadeira. Investimos também bastante no solo, na terra. Fizemos agricultura de precisão. Sementes melhores. Esses últimos anos estão sendo abençoados pra nós”, conta o produtor Luis Carlos Liberali.

Foram milhões de reais que vieram da comercialização da soja e que foram investidos em máquinas mais modernas e tecnológicas para diminuir as perdas e acelerar os trabalhos.

A produtividade que a tecnologia gerou já traz resultados: Luis conseguiu extrair do mesmo pedaço de terra cultivado há anos uma quantidade muito maior de soja. Em média, foram cerca de quarenta sacos por alqueire a mais.

Aumento na produção

Em vinte anos, no Paraná, a área plantada com soja cresceu 52%, de acordo com dados do Governo do estado. Em 2002 eram 3,6 milhões de hectares. Já em 2020, são 5,5 milhões de hectares.

Neste período a produção dobrou. Eram dez milhões de toneladas em 2002. Em 2020, passaram para 20,5 milhões de toneladas.

De acordo com o economista da Federação da Agricultura do Estado do Paraná, Luiz Ferreira, a área agrícola do Paraná, bem como a do Brasil, está estabilizada há alguns anos. “Em contrapartida, há um grande aumento da produtividade e na produção”, analisa.

O preço do grão quase triplicou nos últimos anos. De acordo com dados do Departamento de Economia Rural, da Secretaria da Agricultura e do Abastecimento do estado do Paraná, em janeiro de 2018, o preço médio da saca da soja no estado era de R$ 62,20. Um ano depois, em 2019, passou para R$ 67,53. No mesmo período de 2020, foi para R$ 77,64. Em agosto do mesmo ano ultrapassou a barreira dos cem reais, chegando a R$ 107,90.

No início do ano passado chegou a R$ 150,79 e agora em 2022 alcançou o maior preço médio da história: R$ 168,74.

Impacto positivo

A soja também movimenta o comércio e gera empregos na cidade.

“Tirando Curitiba e Região Metropolitana, os outros municípios todos têm relação muito forte com o agro. E se o agro nessas regiões vai bem, a loja de carros, a loja de móveis, todos os itens de consumo, os shoppings, todo mundo vai bem”, analisa o superintendente do Sistema OCEPAR, Robson Mafiolete.

Segundo o economista Luiz Ferreira a soja, é a locomotiva do agronegócio paranaense junto com a carne de frango.

“Ela tem esse efeito multiplicador sobre a economia. Ela não gera emprego e renda somente dentro da porteira, mas ela gera também para o comércio de insumos, de serviços, para o setor de transportes – desde o mecânico do caminhão, da borracharia. Então, as exportações da soja indo bem, todos os setores ganham de alguma forma”, diz.

Exportação

Em Campo Bonito, no sudoeste do Paraná, o pequeno armazém cerealista que recebe principalmente soja e milho ganhou secadores e novos silos foram construídos em uma área bem maior.

Um investimento de onze milhões de reais ampliou também o número de trabalhadores de sete para trinta e cinco e, de acordo com o empresário Celso Fruit, deve crescer ainda mais.

“Meu plano é investir mais para ter mais movimento, mais compra de cereais. Assim da forma como está a minha base de armazenamento já está ficando pequena”, diz o empresário.

A cerealista recebe a soja de produtores de pelo menos sete municípios da região. Toda a produção tem um destino certo: a exportação.

De Campo Bonito, a soja é levada por caminhões da cerealista para o porto de Paranaguá ou até o Porto Seco em Cascavel, onde segue de trem até o litoral. O empresário conta que começou com dois caminhões. Hoje está com onze e pretende adquirir mais dois.

“A soja que sai daqui vai para os Estados Unidos e para China”, conta Fruit.

A China é o maior comprador da soja paranaense e brasileira: quase 70% da produção nacional exportada vai para lá para ser usada em rações e em óleo de cozinha. Segundo especialistas, o consumo chinês deve continuar alto em 2022, o que deve manter o mercado da soja aquecido.

“A China está recompondo o seu plantel de suínos, então deve continuar comprando muita soja da América do Sul, sobretudo do Brasil. O dólar deve continuar em um patamar bastante elevado, o que favorece as exportações da soja. O mundo deve superar trezentos e oitenta e cinco milhões de toneladas de soja. Isso é um recorde histórico, focado principalmente em Brasil e Estados Unidos”, explica o economista Luiz Ferreira.

FONTE: https://portalcantu.com.br

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