O número de vasectomias realizadas pelo Sistema Único de Saúde (SUS) no Paraná cresceu 97% entre 2022 e 2023, um ano após mudanças na legislação que facilitaram o acesso ao procedimento.
A nova legislação permite cirurgias contraceptivas sem a necessidade de autorização do parceiro, beneficiando tanto vasectomias quanto laqueaduras.

Em 2023, o SUS realizou 8.274 vasectomias no Paraná, comparado a 4.183 em 2022.
O aumento é superior ao registrado nacionalmente, onde o crescimento foi de 43%, com 95.470 procedimentos realizados em 2023, contra 67.799 em 2022, de acordo com dados do Ministério da Saúde.
Mudanças na Legislação
A legislação federal ampliou o acesso às cirurgias contraceptivas, eliminando a exigência de autorização do cônjuge.
Essa mudança visa facilitar a decisão pessoal e autônoma sobre métodos contraceptivos, refletindo na maior procura por procedimentos como a vasectomia.
Experiência Pessoal
Fábio Salmazo Neiva, empresário e mecânico de Curitiba, foi um dos homens que se beneficiou das novas regras.
Aos 47 anos, Fábio optou pela vasectomia após discutir a decisão com sua noiva, considerando as incertezas financeiras e o custo de criar uma criança.
“Eu decidi por não ter mais filhos.
Essa incerteza de governo, financeira… Uma criança, falando ou não, é uma dádiva, porém, custa caro, né?”
comentou Fábio.
Apesar da legislação permitir a cirurgia sem consentimento do parceiro, Fábio passou por um processo rigoroso de consultas e exames para garantir sua decisão.
Crescimento das Cirurgias
Os dados do Sistema de Informações Hospitalares e Ambulatoriais do SUS mostram um aumento significativo das vasectomias no Paraná nos últimos anos:
- 2019: 4.468
- 2020: 1.649
- 2021: 1.877
- 2022: 4.183
- 2023: 8.274
Em comparação, os números nacionais também mostram um crescimento notável:
- 2019: 60.718
- 2020: 31.138
- 2021: 39.578
- 2022: 67.799
- 2023: 97.470
Processo de Decisão
Antes de realizar a vasectomia pelo SUS, os homens são questionados várias vezes por equipes médicas para garantir que estão certos de sua decisão, reduzindo o risco de arrependimento.
“O objetivo é diminuir o risco de arrependimento”, explica o urologista Gustavo Marquesine Paul, coordenador da Câmara Técnica de Urologia do Conselho Regional de Medicina do Paraná (CRM-PR).
As mudanças na legislação e o aumento significativo nas cirurgias demonstram uma tendência crescente de busca por métodos contraceptivos definitivos, refletindo tanto a mudança nas políticas públicas quanto nas escolhas pessoais de planejamento familiar.
Fonte: G1 / Portalcandoi.